MINUTO DO ESPECIALISTA

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Segurança Radiológica para Blocos Cirúrgicos

Data Publicação: 2019-07-16 16:49:00

Atualmente, o bloco cirúrgico é considerado um dos setores mais difíceis de se atuar em um ambiente hospitalar, especialmente no que diz respeito às ações de segurança radiológica. A preocupação com o uso dos equipamentos emissores de radiação neste ambiente vale para a equipe técnica e se estende aos pacientes. Nos últimos anos, foram relatados vários casos de efeitos determinísticos da radiação X em pacientes, no Brasil. A exemplo dos demais setores nos hospitais, o bloco cirúrgico está passando por mudanças acentuadas no seu parque tecnológico.

Se, até pouco tempo atrás, eram realizados apenas procedimentos de intervenção cirúrgica com o uso do suporte imaginológico por fluoroscopia, fazendo uso de equipamentos básicos de Fluoroscopia Móvel, equipamentos com poucos recursos imaginológicos e baixa potência, hoje, no entanto, muitos hospitais já realizam procedimentos híbridos, procedimentos de intervenção cirúrgica e de diagnóstico por imagem em seus blocos cirúrgicos.

A mudança de perfil verificada atualmente no ambiente cirúrgico vem acompanhada com a necessária atualização tecnológica. As principais diferenças verificadas nos novos equipamentos de fluoroscopia móvel são:

  • Aumento acentuado na quantidade de recursos imaginológicos disponíveis;
  • Elevada corrente máxima mA;
  • Capacidade de refrigeração elevada;
  • Disponibilidade de múltiplos modos de aquisição;
  • Elevada potência máxima.

Os antigos equipamentos de fluoroscopia móvel, por serem mais modestos, também possuíam a vantagem de trabalharem com níveis mais baixos de exposição - tanto para o paciente como para a equipe de trabalho. As mudanças implicam, conseguintemente, em um aumento dos cuidados referentes à segurança radiológica dos operadores, do ambiente e da equipe técnica, relacionados à manipulação desse equipamento e aos cuidados radiológicos com profissionais e pacientes.

Dentre as ações de segurança radiológica previstas nas legislações vigentes, a mais importante, quando consideramos a descrita alteração de perfil tecnológico, é garantir que os ambientes comuns existentes em serviços de bloco cirúrgico sejam seguros para os funcionários e pacientes, para isso a emissão do relatório de cálculo de blindagem por um físico especialista é fundamental.

 

Equipamentos mais potentes demandam aos ambientes de blindagens específicas

As barreiras das salas cirúrgicas, sejam paredes, portas, janelas, visores e biombos, devem ser dimensionadas para proteger os ambientes adjacentes contra a radiação ionizante - possibilitando, assim, classificá-los como uma área livre de radiação.

Para cada tipo de equipamento de fluoroscopia móvel (ou até mesmo equipamentos de cinefluoroscopia) existe uma necessidade específica referente a quantidade e tipo de blindagem necessária, em função da diferenciação da potência do equipamento, número de procedimentos realizados por dia e parâmetros técnicos radiográficos médicos utilizados, por exemplo. Sendo assim, existe a possibilidade de calcular especificamente a blindagem necessária para cada sala de procedimento e otimizar custos.

Por exemplo: paredes de alvenaria apresentam uma blindagem razoável, mas devem ter uma espessura maior para compensar a menor densidade em relação ao chumbo ou à barita. Como nas portas a colocação de barita é impossível, a solução é pôr lâminas de chumbo. Janelas e, principalmente, visores devem ter a mesma atenuação que as paredes, e podem ser feitos com vidros plumbíferos (que são constituídos por duas lâminas de vidro, e entre elas é aplicado um gel plumbífero, que solidifica e torna-se uma placa sólida e transparente). Por ter um alto custo, no entanto, o vidro plumbífero pode ser substituído por uma série de lâminas de vidro comuns unidas, equivalendo ambas as densidades.

 

Laudo de Levantamento Radiométrico e Radiação de Fuga é obrigatório

Além do projeto de blindagem, quando consideramos a descrita alteração de perfil tecnológico no bloco cirúrgico, outro documento exigido para e emissão e renovação do Alvará de Funcionamento, é o relatório de Levantamento Radiométrico e Radiação de Fuga.

O Levantamento Radiométrico consiste em uma avaliação dos níveis de radiação nas áreas adjacentes à sala cirúrgica em que está sendo utilizado o equipamento emissor dos raios. Para isso, são realizadas medidas, utilizando um monitor, em pontos de interesse de todas as barreiras circunvizinhas à sala cirúrgica em que se localiza o equipamento. O feixe primário é apontado para um fantoma, objeto que simula a densidade e o espalhamento de radiação de um paciente, e são realizadas exposições, um para cada ponto de interesse de medida. Os valores obtidos devem ser menores que os valores equivalentes de dose ambiente de referência, contidos na Portaria nº 453/98. Caso esses valores estejam acima do permitido, devem ser adicionadas blindagens nas barreiras em que as medidas foram feitas.

Já para o teste de Radiação de Fuga, ou Fuga de Cabeçote, são realizadas  exposições, medidas ao redor da cúpula do tubo gerador de radiação, na distância de um metro. Essa cúpula deve ser, por fábrica, blindada. Logo, não pode haver escape em nenhum ponto além da janela de saída do tubo. Também é colocada uma placa de chumbo na janela de saída do tubo de raios X, evitando que a radiação primária seja captada pelo medidor - o que gera um valor mais real desse possível escape.

 

PhyMED oferece ações avançadas em segurança radiológica específicas para o Bloco Cirúrgico

O profissional mais exposto durante a utilização de fluoroscopia em blocos cirúrgicos sempre é aquele que está mais próximo do paciente, normalmente o médico cirurgião. Analisando alguns trabalhos científicos, é possível perceber que a redução da dose do operador é direta com relação à redução do tempo de exposição e números de imagens adquiridas. A PhyMED, além da emissão dos relatórios de cálculo de blindagem e relatórios de Levantamento Radiométrico ou Fuga de cabeçote, realiza como rotina avançada de segurança radiológica o assentamento de dose dos procedimentos realizados no bloco cirúrgico. Essas informações são analisadas mensalmente, quando são levantados dados que mostram: qual operador executou o procedimento, que tipo de procedimento foi executado e, ainda, a dose total impingida ao paciente. A partir disso, é criado um indicador, relacionando a porcentagem de procedimentos que extrapolam a dose crítica de 2 Gy.

 

Conclusão

Sendo assim, podemos concluir que, mesmo considerando o risco inerente associado à exposição aos raios X, os procedimentos cirúrgicos e/ou de diagnóstico que fazem uso de equipamentos emissores deste tipo de radiação produzem bons resultados terapêuticos e/ou de diagnóstico, e assim sendo, os justifica. Pois, todo procedimento em que é feito o uso de radiação ionizante deve produzir um benefício real para a saúde do indivíduo, levando em conta a totalidade dos malefícios potenciais. Além disso, esse benefício deve ser significativamente alto em comparação com o detrimento que possa ser causado ao indivíduo.

Para isso, as instituições devem possuir um controle rígido:

  • Referente aos preceitos de qualidade dos equipamentos emissores de radiação X;
  • Referente aos treinamentos avançados de segurança radiológica para equipe técnica envolvida;
  • Referente aos critérios técnicos e clínicos que serão utilizados para justificar a realização do procedimento;
  • Referente às ações avançadas de segurança radiológica para o ambiente de bloco cirúrgico.