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Gerenciamento de Dose em Tomografia Computadorizada: importância e aspectos

Data Publicação: 2019-03-22 16:47:00

Os benefícios da Tomografia Computadorizada (TC) foram substanciais e reconhecidos imediatamente desde a sua introdução, em 1973.  A partir desse marco, a modalidade cresceu e expandiu o número de equipamentos comercializados no mundo. Por consequência disso, houve também um grande aumento de exames realizados. Esse crescimento no número de exames está diretamente relacionado ao desenvolvimento de equipamentos multislice.

Nos último anos, o número de exames de TC aumentou também  quando comparado aos exames de radiologia convencional e fluoroscopia. Desta forma, a TC vem contribuindo diretamente no aumento da dose efetiva total individual. O relatório da National Council On Radiation Protection And Measurements (NCRP) afirma que a contribuição de imagens médicas para a dose anual efetiva nos EUA subiu para quase o mesmo que a radiação de fundo (48% de todas as fontes) e TC por si só representa 24% da exposição para todas as fontes naturais e artificiais combinadas. Nos EUA, exames de TC vem aumentando em média 10% a cada ano.

Globalmente, a tomografia computadorizada representa uma contribuição de pouco mais de 44% para a dose efetiva global equivalente das exposições médicas. Extrapolando a partir do último relatório do UNSCEAR (2008) há 221 milhões de exames de TC realizados anualmente em todo o mundo e 62 milhões deles foram realizados nos EUA em 2006, de acordo com o relatório do NCRP.

 

Avanços tecnológicos em TC

Os equipamentos de tomografia computadorizada avançaram tecnologicamente, fornecendo tempos de rotações do tubo de raios-X em média de 0,30s; maior colimação; aumento no número de fileiras de detectores; aumento da qualidade da imagem 3D em função da melhoria da resolução espacial; redução de artefatos por movimento e aquisição de dados mais rápido com maior volume de cobertura.

O aumento do volume de cobertura ampliou muito o papel da imagem por TC, que agora é considerada como a investigação radiológica mais preferida para um amplo espectro de sintomas clínicos. A tomografia computadorizada agora é freqüentemente usada para o diagnóstico e controle de pacientes com doença cardiovascular complexa com alto nível de detalhe, embolia pulmonar, bem como, triagem de pacientes assintomáticos (principalmente coração, tórax e cólon, geralmente referidos como exames de rastreio “wholebody”, realizado apenas quando completamente justificado em pacientes de alto risco e fumantes) e procedimentos intervencionistas guiados por TC (como a blação por radiofreqüência, biópsias, drenos de abscesso e nefrostomia.

A tomografia computadorizada também melhorou muito a avaliação em pediatria, e é particularmente útil para diagnóstico e avaliação de anomalias cardíacas congênitas, doenças pulmonares e das vias aéreas, traumas e infecções. A proporção de pacientes pediátricos submetidos a tomografia computadorizada varia de 0 a 38%, dependendo do país e exame.

Riscos de câncer

Atualmente, o monitoramento das doses de radiação recebidas pelos pacientes tem tomado lugar importante no dia a dia dos setores de tomografia computadorizada, especialmente em pediatria. As doses de radiação nos órgãos a partir de uma TC vem sendo estudada para relacionar com o risco de carcinogênese induzida por radiação.

Smith-Bindman et al. em artigo sobre risco de câncer relacionado à radiação, estima que cerca de 1 em cada 150 mulheres (20 anos) que se submetem à Angio TC das coronárias (CTCA) desenvolverá câncer (o risco é de cerca de metade disso para mulheres de 40 anos e até um terço para mulheres de 60 anos).

Huda et al. em 2011, estimaram os riscos de câncer para pacientes adultos submetidos à Angio TC cardíaca com ECG. Os valores medianos foram 0,065% (cerca de 1 em 1500) e 0,17% (cerca de 1 em 600) para homens e mulheres, respectivamente.

Brenner et al. relatou um câncer fatal pediátrico considerando o risco de 0,11% e 0,055% (aproximadamente 1 em 900 e 1 em 1800) para abdome ou TC da cabeça, respectivamente, quando realizada uma tomografia computadorizada de uma criança de um ano de idade.

Para uma tomografia computadorizada de baixa dose nos 16 MSCT, o risco atribuível ao longo da vida da incidência de câncer é semelhante, (0,06%) para crianças de 5 anos de idade, no entanto, isso pode ser maior para a angiografia coronariana pediátrica, de acordo com estudos recentes, dependendo da frequência cardíaca (1 em 300–715 para meninos e 1 em 120–230para meninas).

As crianças têm riscos aumentados de doenças relacionadas à radiação ionizante, especialmente para tireóide, seios, cérebro e leucemia [2].

Diretrizes e recomendações sobre prática em TC

Autoridades reguladoras nacionais e internacionais e, pesquisas em grupos investigam maneiras de reduzir a exposição do paciente e otimizar protocolos de aquisição. [4].

A justificação e otimização, bem como a determinação de valores de dose de referência são particularmente importante, especialmente em pediatria, dada a contribuição da tomografia computadorizada para a dose populacional. Grandes variações nas doses de radiação recebidas pelo paciente são relatadas considerando procedimentos similares entre vários tipos diferentes de equipamentos de TC mesmo de um mesmo hospital/clínica (até um fator de mais de 7 para abdome e 6 para TC de tórax), mas também no mesmo modelo de tomógrafo multislice.

Variações na dose de radiação são principalmente devido a diferentes tipos de equipamentos/fabricação, diferentes protocolos de aquisição, comprimento de varredura, tubo de raios-X, velocidade de rotação, pitch, colimação, filtração, peso do paciente e etc.

Recomendações relativas a padrões viáveis ??de boa prática em TC foram desenvolvidos pela Comissão Europeia em 1999, sob a forma de critérios de qualidade de imagem e níveis de referência de diagnóstico(DRLs) para exames de TC como base para reduzir a variação na prática em TC. Desde então, os avanços na tomografia computadorizada têm impulsionado a necessidade de reavaliação dessas diretrizes.

Outro relatório recente foi publicado abordando aplicações clínicas para adultos e pacientes pediátricos, com especial atenção a qualidade de imagem, dose de radiação e dosimetria. Esse documento, revisou as boas técnicas de imagem por MSCT.

Este relatório inclui também aplicações mais recentes da TC (exemplo, AngioTC, colonoscopia virtual, tomografia computadorizada do trato urinário e intervenções guiadas por TC. A variabilidade na exposição à radiação de pacientes, diferente parâmetros de aquisição, aumento de exames de tomografia computadorizada e o progresso tecnológico tem motivado o Comitê Internacional de Proteção Radiológica (ICRP) a emitir publicações sobre o gerenciamento da dose de radiação por TC e parâmetros técnicos.

A ampla aplicação da tomografia computadorizada, procedimentos de intervenção também levaram a dois relatórios da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), abordando importantes questões para otimização da dose de radiação em pacientes submetidos a exames de tomografia computadorizada.

Concluindo, é importante em TC identificar as ferramentas de otimização, pois essas podem ser utilizadas/aplicadas na prática clínica com o intuito de reduzir a dose de radiação recebida pelo paciente considerando o tipo de diagnóstico.

Referência:

1. Smith-Bindman R. Is computed tomography safe? N Engl J Med 2010;363(1):1–4.

2. Brenner DJ, Hricak H. RadiaOon exposure from medical imaging: Ome to regulate?JAMA 2010;304(2):208–209.

3. Bogdanich W. RadiaOon boom. The New York Times Web site.h.p://topics.nyOmes.com/top/news/us/series/radiaOon_boom/index.html. Accessed October 6, 2012.

4. 4. Amis ES Jr, Butler PF, Applegate KE, et al. American College of Radiology white paper on radiaOon dose in medicine. J Am CollRadiol 2007;4(5):272–284.

5.    Boone JM, Hendee WR, McNi.-Gray MF, Seltzer SE. RadiaOon exposure from CT scans: how to close our knowledge gaps, monitor and safeguard exposure—proceedings and recommendaOons of the RadiaOon Dose Summit, sponsored by NIBIB, February 24-25, 2011. Radiology 2012;265(2): 544–554. 7. Goske MJ, Strauss KJ, Coombs LP, et al. DiagnosOc reference ranges for pediatric abdominal CT. Radiology 2013;268(1):208– 218. doi:10.1148/radiol.13120730. Publishe